Capítulo 2: A volta a estrada
Parte 3: Preparativos
- Está na hora do seu comprimido Amor - Davi pegou o último comprimido da cartela e entregou para a Alice.
- Obrigada - Disse, enquanto o tomava - Acho que já está tarde Ursinho, vamos dormir um pouco.
- Claro Amor.
Os dois foram para a cama e Alice adormeceu nos braços de Davi que não conseguia descansar, pensando em como ele iria fazer para conseguir mais comprimidos. Poderia sair com o carro indo de cidade em cidade para achá-los, mas isso iria demorar muito tempo e seria muito arriscado. Se tivesse começado a procurar desde o primeiro dia como era o plano, talvez conseguisse fazer isso de maneira mais segura, indo em uma cidade por dia sem o perigo da noite, mas isso já não era mais possível.
Depois de horas sem conseguir dormir, Davi levantou da cama, deixando sua amada ainda dormindo. Começou a arrumar o carro, deixando na casa grande parte da comida e de medicamento que tinham. Não mexeu nas ferramentas de química da Alice, as deixou intocadas dentro da casa, apenas com as ferramentas e objetos de Davi dentro do carro.
Depois de arrumar o carro por completo, sentou na mesa do rádio, onde havia um mapa ao lado. Começou a criar uma rota tentando verificar o máximo de farmácias possíveis no menor tempo possível.
Conseguiu criar duas rotas, a primeira onde conseguiria passar por 2 pequenas cidades. Deixaria o carro do lado de fora da cidade e ir a pé, assim correndo menos risco de chamar atenção.
Mas como não teria muitas chances de conseguir os medicamentos, fez a segunda, onde conseguiria passar por 6 cidades, mas teria que entrar de carro por elas.
Sabia que passar com o carro dentro das cidades seria suicida, mas seria a única forma de conseguir os remédios que tanto precisavam.
Alice começou a acordar, mas o sol ainda não brilhava, estava se sentindo estranha, como se alguma coisa estivesse faltando.
Era Davi, ele não estava lá.
Alice levantou no susto, correndo para a porta da frente.
Ao abri-la conseguiu ver o carro ligado, parado em frente a casa, com Davi sentado no motorista.
- O que está fazendo aqui fora? - Perguntou Alice, se aproximando do carro - Vamos para dentro dormir um pouco.
- Eu não consigo dormir! Preciso resolver isso logo!
- Tudo bem Ursinho, quando o sol nascer a gente resolve o problema - Disse Alice entrando no carro, vendo o mapa esticado no painel com 6 cidades circuladas. - Vamos fazer assim, voltamos para dentro de casa e conversamos melhor sobre isso.
- Eu já tentei resolver de outro jeito, não vai dar.
- Mas não adianta você se matar para conseguir os comprimidos - Disse Alice, com a maior calma que uma pessoa poderia ter - Vai me deixar sozinha nesse mundo?
Davi desligou o carro.
- Eu sei que isso é muito difícil Ursinho e vamos conseguir resolver isso juntos ok? Agora deixa eu ajeitar as coisas e tenta dormir um pouco tá?
Ele saiu do carro e entrou na casa.
Alice, sentada no passageiro, respirou fundo, pegou o mapa e a chave do carro e foi para dentro de casa.
Davi estava apagado na cama, deveria estar a muito tempo sem dormir para estar daquele jeito.
Ela sentou ao lado do rádio e viu as anotações que ele havia feito no mapa. Na parte superior havia apenas uma frequência escrita com a legenda "Puros e Impuros".
Ela sintonizou o rádio na frequência, mas não havia nenhum sinal. O manteve ligado enquanto lia as anotações que Davi tinha feito no pequeno caderno que ficava ao lado do rádio.
Nas anotações, ele tentou montar um plano para chegar a farmácia que eles estavam indo antes de parar na cabana, mas, pelo que estava escrito, não valeria o risco de gastar 2 dias para chegar lá e outra pessoa já ter saqueado o lugar.
Davi tentou formar um plano para ir até uma cidade grande, mas parecia ser perigoso demais ir até lá junto com Alice.
Outro plano descrevia ele dirigir o carro enquanto ela entrava na farmácia, mas foi descartado. Estava escrito que algum Deles poderia estar dentro da farmácia e Davi não poderia ajudar Alice.
Um dos planos tentava fazer o contrário, com ela no carro e ele entrando na farmácia, mas foi rejeitado. Davi não gostava que Alice dirigisse se não tivesse certeza que ela estava tomando os comprimidos.
Alice foi foleando as páginas e ficou tentando achar alguma solução que Davi não tinha visto. Mas parecia impossível, como se ele já tentasse todas as opções que poderiam existir.
- Puros, aqui é o Natham, preciso falar com o Paulo.
- Ok Natham, vamos chamar ele aqui, espere um pouco.
- Davi! Acorda Davi!
Ele levantava devagar da cama - O que foi?
- Anda Davi, você precisa escutar isso.
Alice levantou da cadeira e o deixou sentar. Os dois ficaram imóveis por um momento.
- Não tem nada aqui - Disse Davi.
- Eu escutei eles falando no rádio.
- Tem certeza Amor que você realmente escutou?
- Tenho, eles falaram de um tal de Natham.
Davi ficou olhando para Alice com uma expressão sonolenta, mas, ao mesmo tempo, desconfiada.
- Tá tudo bem Natham?
- Não disse Davi? - Falou Alice, vendo ele concordando com a cabeça e voltando sua atenção para o rádio.
- Um dos meus homens está muito doente e não parece que ele vai melhorar sem medicamentos.
- Você sabe que não tem mais muitos medicamentos por aí.
- Sei Senhor, mas eu lembro que tem lugar que não vale o risco de consegui-los.
- Se você sabe que não vale o risco...
- Por ele vale Senhor.
- Então está bem, vou ver se consigo achar algum lugar que ainda tenha medicamentos.
- Obrigado Senhor.
Davi se recostou na cadeira, era visível o peso que foi tirado de suas costas.
- Isso é bom né Ursinho?
- Muito bom. Vou continuar aqui, daqui a pouco devem dar a localização.
- Ok, vou descansar um pouco então. Amor, eu sei que você pensa que deveria ir sem mim, mas por favor, deixa eu ir com você, tá? A gente tá nessa juntos.
- Amor, eu fico com medo - Davi foi interrompido.
- Eu também fico com medo e é por isso que te quero ao meu lado.
Davi olhou para Alice, lhe deu um beijo na testa e disse - Ok Amor, vamos ficar juntos.
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