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Capítulo 3: Separação

Parte 3: O único objetivo

Davi estava com o comprimido de Alice em mãos, mas sem nenhuma de suas coisas. Sem sua mochila, machete ou pistola, apenas o remédio.

Ele correu até sua moto e a acelerou o mais rápido que podia, passando pelas ruas, montanhas e pelo meio das floretas.

Ao longe conseguiu ver a cabana, mas estava toda destruída.

Ele desceu da moto e saiu correndo para a entrada.

Chegando lá viu os armários que barricavam a porta e as janelas destruídos. Marcas de balas e lâminas por toda a casa. Pelo chão, todos os vidros de Alice destroçados. E no canto, um rastro de sangue levando para dentro do quarto.

Davi foi caminhando lentamente e viu o que mais temia, Alice morta em sua frente e ele não tinha feito nada para impedir. Se não tivesse se preocupado tanto com um remédio que talvez ela nem precisasse, as coisas poderiam ter sido diferente. A morte dela estava em suas mãos, foi culpa dele ela estar morta.

Davi acordou, suando, exausto. Esticou sua mão para pegar uma garrafa em sua mochila, mas não a encontrou. Quando olhou para o lado viu sua mochila nas mãos de Daniel.

Ele tentou pegar sua pistola com a mão direita, mas não conseguiu alcançá-la. Daniel, com a arma de Davi em mãos, a apontou para ele.

- Natham! Acorda! Eu disse que a gente não podia confiar nele! - Gritou Daniel.

Davi sem sua arma nem mochila e com a mão direita quebrada não poderia fazer nada naquela situação.

Natham acordou, olhou para os dois e disse - O que está acontecendo Daniel?

- Ele é um mercenário! Sabia que ia fazer alguma coisa ruim! - Daniel soltou a mochila que estava segurando e pegou um cordão metálico em seu bolso, parecido com os de militares, e jogou para Natham.

Natham pegou a Dog Tag e viu o nome de Davi nela. Atrás tinha um símbolo, um lobo com seu focinho inclinado para baixo, com olhos ardendo em pura fúria.

- Eu posso explicar, é que... - Davi foi interrompido.

- Cala a boca Vira-Lata, te mato aqui e agora! - Gritou Daniel, apontando a arma para cabeça de Davi.

- Calma Daniel.

- Que calma! Ele é um Vira-Lata! Ele nunca foi de uma comunidade que foi atacada pelos Lobos, ele que atacava as cidades!

- Ele atacava? - Perguntou Noah, protegendo a barraca da Catarina com o corpo. - Mas ele ajudou a gente.

- Ajudou? Eu disse que ele poderia estar tentando envenenar Catarina, mas vocês não estão me escutando. É capaz de ter sido por conta dele que não temos mais notícias do Miguel. Ele pode ter ido até sua cabana e matado ele!

- Daniel, chega!

Daniel olhou para Natham e lentamente abaixou a arma.

- Catarina está melhorando e Davi também tomou o remédio, não faz sentido ele estar tentando envenenar ela. Miguel queria ser deixado em paz, por isso voltou para casa.

- Como que você quer que a gente se sinta seguro sabendo que um Vira-Lata está ao nosso lado?

- Pelo que eu bem entendi foi você quem ficou vasculhando os pertences dos outros enquanto dormíamos.

- Mas a Dog Tag?

- Essa Dog Tag só diz quem ele foi um dia, não quem ele é agora.

Daniel soltou a pistola que estava segurando e se afastou, deixando a arma e a mochila de Davi no chão.

Davi se levantou calmamente, colocou a pistola no coldre, a mochila nas costas e estendeu a mão para Natham, que o entregou a Dog Tag.

- Agora podemos falar do plano?

- Ok, acho que já está na hora. - Natham checou todos com os olhos, abriu um mapa em sua frente e continuou. - Com o Muralha na cidade não tem como simplesmente entrar lá, já que essa farmácia tem um sistema de alarme que é alimentado pelos painéis solares. Então o plano é o seguinte: Noah e Daniel irão cada um para um lado da cidade e vão ficar revesando tiros, assim o Muralha sempre vai ficar no meio do caminho. Lembrem-se que a ideia é o Muralha ficar longe da farmácia, então fiquem aqui e aqui - Disse Natham apontando para dois locais em um mapa - Assim a farmácia não fica no caminho do Muralha. Se vocês ficarem em perigo é só ficar sem fazer barulho, o alarme é bem alto e sem o som dos tiros ele vai ir para a farmácia. Eu e o Davi vamos ficar lá dentro pegando medicamentos por no máximo 40 minutos. Como ninguém deve ter conseguido entrar lá, deve ter um grande estoque, então vamos ficar indo e voltando com mochilas para o prédio que limpamos ontem a noite. É aí que devemos nos encontrar depois dos 40 minutos, ou se alguém tiver problemas. No final podemos ir devagar com as mochilas em direção aos carros. Antes de um de vocês irem, levem a Catarina com vocês para o prédio.

- Você quer ficar entrando e saindo da farmácia com o alarme tocando? A gente vai ficar cercado de Tagarelas. Só vamos conseguir ir e voltar uma vez se for assim. - Disse Davi.

- Tem algum plano melhor?

- Quando entrarmos lá eu desligo o alarme. Os dois nem vão precisar ficar se fazendo de isca depois disso.

- Tem certeza que consegue desligar?

- Claro.

- Então tá, Daniel e Noah já podem levar a Catarina para o prédio, quando escutarem o alarme parar de tocar podem parar de atirar. Depois disso vão para o prédio de encontro.

Noah foi até a barraca de Catarina - Meu Deus!

Davi olhou para dentro da barraca e viu um sangue extremamente avermelhado saindo de sua boca e nariz.

Natham foi na direção dela, limpou o sangue e entregou o que parecia ser um comprimido para ela.

- Não é melhor alguém ficar com ela no prédio? Parece que ela vai se transformar a qualquer momento. - Disse Noah.

- Quanto mais rápido o Davi desligar o alarme, mais rápido a gente resolve isso, então vamos!

Daniel retirou sua mochila, colocou Catarina em suas costas e ficou segurando sua arma com a mão direita. - Leva a minha mochila Noah - Disse enquanto ia andando em direção as escadas.

Noah pegou a mochila e foi indo atrás.

Só restaram Davi e Natham no telhado, olhando para a farmácia a baixo deles, apenas podendo esperar os tiros começarem.

Depois de um tempo dos dois esperando, Natham olhou para Davi e disse - Desculpe pelo Daniel, ele normalmente não é agressivo assim, mas não tem como culpá-lo.

- A comunidade dele foi atacada pelos Lobos não é?

- É, era uma comunidade bem ao Leste daqui.

- Sei bem como é essa sensação. Nunca gostei do que eles faziam com as comunidades.

Natham olhou para o Davi como se não acreditasse muito no que ele havia dito.

- Olha, eu nunca fiz isso com nenhuma comunidade, eu era apenas escalado para resolver problemas com outros mercenários.

- Como assim? Você era tipo um diplomata?

- Se quiser ver assim...

A conversa dos dois foi interrompida por um barulho de tiro vindo ao longe.

- Acho que já está na hora de irmos Natham.

Os dois foram descendo as escadas, indo em direção a farmácia.

Chegando na frente da farmácia escutaram mais um tiro, só que esse vinha da direção oposta ao do primeiro.

Davi foi seguindo Natham, que foi para um beco atrás da farmácia. Barricaram as entradas do beco com o que encontraram lá e depois foram para uma porta de metal, similar com o tipo que se tranca por dentro, parecia dar para os fundos da farmácia.

Natham retirou um pé-de-cabra de sua mochila, colocou sua ponta na fresta entre a porta e a moldura da porta, um pouco acima da altura da maçaneta, e aplicou força para ela entrar na fresta. Com a pancada de Natham o alarme começou a tocar, mas a porta permanecia trancada.

Olhando para a entrada do beco vários Tagarelas apareceram atrás das barricadas, batendo, empurrando e tentando passar para dentro do beco. Três Deles conseguiram pular a proteção, indo em direção aos dois.

Davi pegou a machete com sua mão esquerda e atacou o primeiro, cravando na cabeça da criatura. O segundo Tagarela saiu correndo e pulou em sua direção. Ele tentou se defender com sua machete, mas ela ainda se mantinha presa na cabeça do primeiro transformado.

Sem hesito, ele caiu para trás, batendo sua costas no chão, com sua mão direita colada ao seu peito, e seu braço esquerdo o protegendo do Tagarela que estava em cima dele. Davi conseguiu manter a boca da criatura longe do seu corpo, mas com as mãos livres, ela arranhou seu peito e ombro esquerdo.

Em meio a luta ele escutou um tiro ser disparado ao seu lado e com o braço esquerdo no peito do transformado, Davi o jogou para o mais longe que podia. A criatura rolou para meio metro de distância dele e antes que pudesse alcançá-lo novamente foi morta por dois tiros.

- Não consegue nem segurar uns Tagarelas? - Disse Natham com uma pistola em mãos e um transformado caído aos seus pés.

- Me dá o pé-de-cabra. - Disse Davi pegando a ferramenta e olhando para trás por um instante, apenas para conseguir ver mais e mais Tagarelas pulando as barricadas.

Voltando sua atenção para porta, mexeu em sua mochila e pegou um martelo, ao seu lado Natham continuava disparando nos Tagarelas que estavam tentando chegar até os dois.

Davi colocou o pé-de-cabra na mesma posição que Natham, mas cravou sua ponta na fresta utilizando o martelo com sua mão esquerda. Cada pancada fazia seu braço direito tremer, tudo seria mais fácil se ele não estivesse o quebrado.

Depois da ferramenta estar bem colocada, ele se posicionou e a puxou com toda a força que tinha, entortando a porta apenas o suficiente para conseguir passar seu braço.

Retirou o pé-de-cabra e, através do vão feito, passou sua mão e abriu a porta por dentro. - Anda Natham!

Com os dois dentro da farmácia, Davi conseguiu trancar a porta e sentar no chão. - Não sabe nem abrir uma porta? - Disse, olhando para Natham, que riu e estendeu a mão para ajudá-lo a se levantar.

- Anda, vamos fazer um curativo para a sua ferida Davi.

Ali, onde estavam, ainda era possível ouvir som de tiros ao longe, mas era quase imperceptível com o barulho do alarme e os dos Tagarelas batendo na porta para entrar.

Davi retirou a mochila e pegou seu kit de primeiros socorros, e ao entregar para Natham, voltou a retirar seu casaco e camisa.

- O que aconteceu com o seu ombro? - Disse Natham olhando para o ombro direito de Davi, enquanto começava a fazer o curativo em seus machucados.

- Estava consertando um motor quando um Sangrento me atacou.

- Nossa, mas parece que ele quase arrancou o seu ombro inteiro.

- Pior não foi nem o ombro, foi o meu braço direito que ele quebrou.

- Você tá com um braço quebrado...? Pera, você veio numa cidade com um Muralha estando com braço quebrado?

- Olha, você que está brincando de bobinho com um Muralha, não pode falar nada de mim.

- Era o jeito que tinha para conseguir os remédios.

- Eu sei.

Davi olhou ao redor e no corredor em que estavam tinha algumas caixas abertas, porém haviam prateleiras e estantes com inúmeras deles completamente lacradas. Apenas passando o olho superficialmente não era possível encontrar o remédio de Alice, precisaria procurar uma a uma.

- Davi, é melhor você ir desligar o alarme antes de pegarmos alguma caixa.

- Você sabe aonde o alarme ou sistema de energia pode estar?

- Tenho uma ideia, vamos para a parte da frente.

Quanto mais para dentro da farmácia se ia, mais alto o som ficava, até um ponto que estava sendo quase ensurdecedor.

Os dois chegaram no final do corredor, onde parecia haver uma porta que levava para a parte da frente.

Com o barulho do alarme entrando dentro de suas cabeças, Davi gritou - Me dá o pé-de-cabra.

- Você não tá com o braço quebrado? - Gritou Natham segurando o pé-de-cabra em uma mão e tentando proteger o ouvido com a outra.

Davi agarrou a ferramenta e arrancou da mão de Natham, colocou ele na porta e a abriu do mesmo jeito que a anterior. - Anda, mostra aonde está o sistema.

Natham, com suas mãos protegendo os ouvidos, passou pela porta e foi derrubado ao chão por um Sangrento, que pulou para cima dele e começou a cortá-lo com suas garras. Davi pegou o pé-de-cabra e infincou a parte curvada na cabeça do transformado, que não parou de arranhá-lo. Então, com a ferramenta infincada, arrastou a criatura, tirando ela de cima de Natham e começou a pisar na parte que estava presa em sua cabeça. Depois de vários chutes o Sangrento não se movia mais.

Davi voltou para o seu amigo que estava com o rosto completamente dilacerado. Pegou por baixo de seus ombros e o arrostou de volta para os fundos.

Ao passar pela porta que tinha acabado de arrombar, ele parou e empurrou uma das estantes, tendo certeza que estariam seguros lá dentro.

Voltando sua atenção para Natham, ainda podia ver sua respiração pesada, ele olhava de maneira devagar para todos os lados e com uma expressão de não fazer ideia de onde estava ou quem Davi era.

Depois de um bom tempo recosturando a cara de Natham e cuidando dos arranhados feitos em seu peito, Davi não poderia fazer mais nada por ele, apenas esperar.

Então se levantou e foi em direção a porta que havia barricado. Retirou a estante e entrou. Mesmo com o som do alarme fazendo seus ouvidos doerem Davi continuava preparado com sua pistola em mãos, para caso surgisse outra criatura.

Na entrada da farmácia, onde haviam os grandes portões metálicos, estava montado um sistema de baterias.

Então ele desligou o sistema, retirando todos os cabos da bateria. O som do alarme finalmente havia cessado, mas em vez do silêncio, Davi apenas conseguia escutar correntes batendo.

Caminhando em direção ao barulho ele se encontrou dentro de uma sala, onde tinha um Sangrento amarrado por correntes de aço. Havia alguma coisa estranha nele, uma de suas pernas era diferente. A perna direita parecia ter metade da largura que deveria e também aparentava ser apenas um terço do comprimento da outra perna.

Ele pegou o pé-de-cabra que ainda carregava e o acertou na cabeça diversas vezes, até que a criatura parasse de se mexer.

Na sala em que estava ele conseguiu ver uma passagem no chão, então pegou uma mesa pesada e a arrastou para impedir que qualquer um ou qualquer coisa saísse dali.

Agora, em meio ao silêncio e com a certeza de que não haviam mais criaturas dentro da farmácia, ele voltou para ver como seu amigo estava.

Chegando lá as feridas de Natham escorriam um sangue bem avermelhado, não como a de Catarina, mas ainda mais vermelho do que o normal, da mesma cor do sangue de Davi quando estava se curando na cabana.

Ele não estava mais com os olhos abertos, mas deitado com uma respiração leve.

Davi escutou mais um tiro ao longe, agora com mais clareza.

Ele começou a procurar nas inúmeras caixas o remédio de Alice e antibióticos.

Depois de um tempo vasculhando achou uma caixa cheia dos comprimidos que tanto havia procurado. Ele a abriu e colocou o máximo de cartelas que podia dentro de sua mochila, fazendo com que não coubesse mais nada.

Olhando melhor achou mais duas caixas cheias com os comprimidos, que ele pegou e escondeu em dois lugares diferentes da farmácia, tentando ter o máximo de certeza que ninguém as encontrariam.

Procurando pelos antibióticos achou vários diferentes, então pegou um punhado de cada e colocou na mochila de Natham. Aquilo seria muito mais do que o suficiente para curar a Catarina.

Olhando dentro da mochila, achou alguns remédios diferentes. Davi sabia que eram usados para combater a transformação, então aproveitou para terminar de encher a mochila de Natham com mais remédios desse tipo.

Davi gostaria de poder levar todas as caixas com os remédios da Alice e também tinha certeza que Natham gostaria de levar algumas com seus próprios remédios, sejam para ele, ou para sua comunidade, mas sozinho e tendo que carregar uma pessoa, não teria como fazer essa viagem.

O maior problema era, para onde ele iria carregar o Natham?

Nunca foi dito onde era o ponto de encontro, apenas que o grupo havia limpado o prédio. Sem essa informação Davi não poderia carregá-lo até lá.

Ficou pensando em como poderia levar Natham até o seu grupo, mas parecia impossível. Se ele ficasse andando de um lado para o outro com as duas mochilas lotadas e uma pessoa em suas costas, ficaria muito cansado, em algum momento poderia cometer um erro e os dois poderiam morrer atacados por Tagarelas.

Se Davi andasse gritando, ou atirando pelas ruas, poderia chamar a atenção do Muralha, e dessa vez não teria um carro barulhento para salvá-lo.

Poderia tentar andar em direção ao som dos tiros, mas se o grupo de Natham seguisse suas ordens, a essa altura já estariam caminhando para o ponto de encontro, então ele nunca os alcançaria.

Era extremamente difícil fazê-lo acordar, mas mesmo que ele começasse o despertar, Natham ainda continuava completamente desorientado.

Diante dessa situação Davi havia se decidido, botou a mochila de Natham nas costas, vestiu a sua para frente e depois o colocou em seus ombros, apenas deixando sua mão direita para o ajeitá-lo.

Davi, agachado, se preparou e levantou. Suas pernas doíam, pareciam que a qualquer momento elas não teriam mais forças para continuar, mas ele sentia que uma vez fora da farmácia, não iria voltar para uma segunda viagem.

Com Natham em seus ombros não teriam como correr, ou usar a sua machete ou pé-de-cabra, então a única arma que poderia usar era sua pistola que fazia muito barulho e sem o Noah e Daniel se fazendo de isca, não poderia sair disparando.

Sem poder correr ou lutar qualquer Tagarela seria o fim, para ele, Natham, e o mais importante, para Alice.

Então colocou Natham no chão novamente, retirou as duas mochilas que estava carregando e parou para pensar por um momento.

Davi abriu a porta da farmácia e procurou pelos Tagarelas. Ali haviam sobrado só dois andando sem rumo, então ele pegou sua machete e matou cada um deles. Ele já havia se esquecido a um tempo a dor de seu ombro esquerdo.

Depois foi até a caixa que havia escondido, pegou ela com o braço direito e saiu da farmácia.

Davi voltou para o prédio que tinha acampado com todos. No caminho encontrou alguns Tagarelas, mas conseguiu lutar contra eles com sua machete, sempre um de cada vez.

Chegando no prédio, ele escondeu a caixa o melhor que podia e depois voltou para a farmácia. Fez o mesmo com as outras caixas, como a de Alice, antibiótico e os de transformação.

Voltando para a farmácia, recolocou as mochilas, foi até o sistema de energia e ligou o cabo que utilizava as baterias para alimentar a farmácia. Contudo apenas as luzes se acenderam.

Ele voltou para Natham, o colocou novamente em seu ombro, sentindo mais uma vez as suas pernas fraquejarem.

Pegou sua pistola em mãos, verificou se estava completamente carregada, abriu a porta e saiu da farmácia.

Ao abrir a porta o alarme começou tocar novamente.

Ele se direcionou para o lado oposto aos que Noah e Daniel tinham ficado e continuou andando. Em seu caminho começou a aparecer Tagarelas e um a um ia caindo com um tiro em cheio na cabeça.

Davi fazia uma força descomunal para continuar andando o mais rápido que pudesse, mas seus passos eram lentos.

Quando sua pistola ficou sem munição ainda tinham 3 Tagarelas correndo atrás dele, porém já era possível ver a floresta que cercava a cidade, então Davi começou a correr com tudo que tinha.

Chegando na floresta sua perna falhou, fazendo ele cair junto com Natham e seus pertences sendo jogados pela mata.

Ele alcançou sua machete com o braço esquerdo, mas antes mesmo que pudesse se levantar um dos Tagarelas já havia pulado para cima dele.

Davi conseguiu acertar a criatura na cabeça antes que se machucasse, mas no instante seguinte outro pulou direto no seu braço esquerdo, o arranhando e fazendo ele gritar de dor.

Ele tentou pegar o pé-de-cabra que havia caído ao seu lado, mas parecia muito longe. Antes de alcançá-lo, outro Tagarela pulou em seu peito e começou a arranhá-lo com suas garras, dizendo - Lue bos vese gafir pu folbo, cusem bo urrotolbur der ilboire.

Davi fechou a mão direita e começou a socar o Tagarela que estava em cima dele, enquanto tentava puxar seu braço esquerdo para longe do outro.

Ele conseguiu abrir espaço o suficiente entre ele e as criaturas para empurrá-las longe, tendo apenas tempo o suficiente para se levantar e trocar a machete de mão.

Com o primeiro Tagarela que foi para cima, ele conseguiu encravar a machete em seu crânio.

Davi simplesmente soltou a machete e quando o segundo Tagarela avançou, Davi deu uma cotovelada na mandíbula da criatura. Em seguida ele pulou para cima dela e continuou a socando até que sua mão direita estivesse completamente coberta pela gosma negra que a envolvia.

Depois disso tudo Davi se encontrava com seu braço direito quebrado, sua mão esquerda completamente aberta pelas garras das criaturas, seu ombro esquerdo sangrando e suas pernas quase não aguentando mais o próprio peso, mas tudo valeria a pena quando ele entregasse os remédios para sua amada.

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